Análise – Após anos de hegemonia sobre o futebol brasileiro, a Globo começou a ver seu monopólio sobre o esporte – que é paixão nacional – desmoronar diante do surgimento de concorrentes e, mais recentemente, da nova política da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
A emissora da família Marinho, que sempre deteve o controle do futebol nacional nas TVs aberta e paga, vem sofrendo duros baques nos últimos tempos.
Primeiro, aconteceu a chegada do Esporte Interativo – que a partir de 2015 passou a ser controlado pela gigante Turner -, que no ano passado quebrou o monopólio da Globo no Campeonato Brasileiro, fechando com 15 times – sete deles da série A – para transmissão de jogos da competição entre 2019 a 2024 na TV fechada. Neste ano, dois clubes paranaenses, Atlético-PR e Coritiba, recusaram valor oferecido pela Globo pela transmissão do estadual. Cada um receberia R$ 1 milhão pela exibição de seus jogos no Campeonato Paranaense, mas não aceitaram porque consideraram baixo demais em relação ao que a emissora ofereceu para times de menor expressão pelo Carioca. Os dois principais clubes do Paraná, então, transmitiram suas partidas por meio da internet. Com isso, ao contrário dos outros times, os dois paranaenses não tiveram nem os lances dos seus jogos exibidos pela Globo, que alegou “não ter os direitos de transmissão”.
Recentemente, a Globo sofreu um duro golpe: ficou sem dois amistosos da Seleção – até 2016, a emissora exibia todas as partidas do Brasil com exclusividade, mas não houve renovação de contrato. A perda se deu após o canal da família Marinho não chegar num acordo na negociação com a CBF, que decidiu vender os dois jogos amistosos em novo formato, de forma avulsa, onde, no caso, a própria entidade transmite os jogos com sua equipe e fica com os lucros arrecadados com cotas de patrocínio – trabalho e lucro que sempre foram da Globo, até então detentora dos direitos. Mas o desafio da emissora carioca não para por aí. Há uma empresa que pode produzir jogos para a CBF, e que estuda implantar o modelo já utilizado nos dois amistosos também no Campeonato Brasileiro, que é a menina dos olhos da Globo. Também há a ideia da CBF lançar um canal na TV paga, o que pode tornar ainda mais dura a negociação com o canal da família Marinho. Ao mesmo tempo em que enfrenta ameaças à sua hegemonia no futebol, a Globo está reestruturando seu departamento de esportes, sob o comando de Roberto Marinho Neto, um dos herdeiros do grupo de comunicação. Desde o início de julho, com a saída de Renato Ribeiro Silva, Marinho Neto acumula funções na emissora e também está atuando na direção de Esporte, conforme informação divulgada pela própria emissora à imprensa.
“A saída da Globo de Renato Ribeiro, responsável pelos conteúdos esportivos da Globo, do SporTV e do globoesporte.com, faz parte da evolução da reestruturação do Esporte da Globo, que vem ocorrendo desde outubro do ano passado, quando foi anunciada a criação da nova unidade de Esporte, sob o comando de Roberto Marinho Neto”, disse comunicado da emissora no final de maio, que completou: “Foi um movimento natural, consensual e planejado. Renato Ribeiro ajudou no processo de redesenho da área e deu uma importante contribuição para a sua consolidação, tendo estado à frente da cobertura de eventos importantes como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016”. É preciso dizer que a Globo ainda detém o controle da maioria absoluta do futebol. Porém, vem tendo duros baques nos últimos anos.
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