Internautas usam aplicativo PicPay para criar esquemas de pirâmide financeira e aplicar golpes - HORA 01 - ULTIMAS NOTICIAS

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O chamariz é sempre o mesmo: ganhar dinheiro fácil e rápido. Um novo golpe vem atraindo milhares de pessoas nas redes sociais. Desta vez, as vítimas são lesadas por pessoas que se aproveitam da dinâmica do aplicativo PicPay, que tem como um dos investidores a J&F, mesma dona do frigorífico JBS, dos irmãos Wesley e Joesley Batista. O aplicativo, criado em 2012, é usado para transferências bancárias e pagamentos. Ao se cadastrar, novos usuários recebem um crédito de R$ 10. Esse valor só pode ser usado para pagamentos em estabelecimentos comerciais ou transferências para outros usuários, sem a possibilidade de sacá-lo.
No golpe, o usuário é convidado a participar de uma espécie de roleta para ganhar dinheiro. O convite é feito em páginas e grupos de Facebook e de WhatsApp. Os convites são constantes e em grande quantidade. Em muitos casos, eles aparecem como ofertas de emprego. "Preciso de dez pessoas que queiram ganhar uma renda extra. Não é mentira. Comigo deu certo sem investir nada, apenas usando o celular. Vem no Whats que eu explico o passo a passo. Não percam essa oportunidade, gente!", escreveu uma internauta que oferecia o "emprego".

Na página oficial da marca e em outros grupos de Facebook é possível encontrar diversos usuários que foram vítimas dos golpes. Um deles, inclusive, disse ter desistido de usar o aplicativo após perder dinheiro. "Caí nesse golpe, depois que soube. Desinstalei o App", disse. Outro, alerta a empresa sobre o esquema e diz que uma usuária afirmou já ter R$ 170, fruto de golpe. "Tem uma espertinha nos grupos no Facebook que ela dá o código dela para a pessoa enviar os R$ 10. Várias pessoas estão caindo no golpe dela. Pois ela me disse que já está com R$ 170 que enviaram para ela", escreveu.

Nossa experiência com os grupos de pirâmide no PicPay

O EXTRA criou uma conta no aplicativo e participou de alguns grupos nas redes sociais para buscar informações sobre como o esquema funciona. Em menos de uma hora, conseguimos o acesso a mais de dez grupos de WhatsApp. Os investimentos iniciais variam, mas todos a que acessamos atingem o limite de R$ 10 para participar da roleta. Em um deles era possível ganhar até R$ 80. O investimento mais baixo foi de R$ 2. Somente no Facebook há, pelo menos, 150 grupos relacionados ao PicPay.
A roleta funciona da seguinte forma: Os usuário "doam" o investimento necessário para um dos jogadores, que recebe o valor total. Depois, quem repassa o crédito também se torna um divulgador e convida amigos para participar, girando a roleta. Além disso, há casos também em que os 'captadores' pedem pequenas doações para ensinar como fazer dinheiro fácil. Como não participamos de nenhuma das roletas, fomos excluídos dos grupos.
No entanto, um dos participantes do esquema com quem entramos em contato, nos pediu a quantia de R$ 10 para nos enviar três áudios, onde ele explicaria como poderíamos ganhar dinheiro rapidamente.
A corrente começa a girar quando a pessoa que repassa o crédito recebido também se torna um divulgador e convida amigos para participarem, recomeçando o processo. Mas há versões mais sofisticadas e perigosas da pirâmide, em que captadores se utilizam das redes sociais para arregimentar novos usuários pedindo pequenas doações, R$ 5, R$ 10 ou R$ 20 em troca da promessa de ensinar a fazer dinheiro extra e fácil.

Especialista dá dicas sobre golpe de pirâmide

Para o advogado e membro da Comissão de Ciências Criminais da OAB/DF, Adriano Martins de Sousa, é importante desconfiar do ganho fácil e rápido de dinheiro.
— Normalmente a pirâmide acontece quando há um pagamento ou depósito com a promessa de ter um ganho acima do normal. A pessoa pode investir e, no curto prazo, até realmente ganhar dinheiro. Mas elas acabam investindo cada vez mais e chamando mais gente. As pessoas começam a perder o dinheiro quando novos integrantes deixam de entrar no esquema e o dinheiro para de circular. É aí que muita gente perde tudo o que tem — explicou.
Ainda segundo ele, o uso das redes sociais para a criação de pirâmide financeira dificulta, mas não impossibilita, encontrar os criminosos.
— Com as redes sociais é mais difícil localizar quem está no topo dessas pirâmides, mas não é impossível. A internet dificulta bastante neste sentido. Hoje em dia, este tipo de golpe é muito comum em redes sociais. Ainda mais com a crise financeira e desemprego. A pirâmide é um retorno financeiro 'agradável' e rápido, mas pode ser muito perigoso. É importante ficar atento a esses anúncios e procurar alguém especializado, um economista, um gestor financeiro ou até mesmo um advogado — disse.

No caso das pirâmides que usam o PicPay como ferramenta, há ainda a participação de menores de idade. Para o advogado, é fundamental que os pais fiquem atentos.
— Os pais precisam ficar atentos e procurar uma delegacia em casos como esses. A pessoa pode realmente ser apenas vítima, não saber que é um esquema criminoso. Geralmente quem sabe é quem está no topo e que lucra mais. Essas pessoas sabem e atraem cada vez mais pessoas para que o esquema continue rendendo — falou.
A prática de pirâmide é enquadrada como crime contra a economia popular, tipificado no inciso IX, art. 2º, da Lei 1.521/51. "Obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos ("bola de neve", "cadeias", "pichardismo" e quaisquer outros equivalentes)", diz a lei. Quem responde pelo crime pode pegar de seis meses a dois anos de prisão. Caso fique comprovado que a pessoa sabia do crime e que levou outras pessoas a participar do mesmo, ela também pode ser enquadrada por estelionato e pegar até cinco anos de prisão.

Os casos de pirâmides não são os únicos golpes que usam o aplicativo. Há também casos de usuários que criam perfis falsos como marcas conhecidas e oferecem a multiplicação do dinheiro dos usuários. Recentemente, a empresa também precisou desmentir um boato de que era preciso pagar R$ 10 reais para quem lhe indicasse o aplicativo.
O EXTRA procurou a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, no Rio de Janeiro. De acordo com a delegada Daniela Falcão, até o momento, nenhum usuário registrou queixa do golpe.
— Ninguém registrou nada deste tipo na DRCI - disse.

PicPay afirma que monitora grupos de pirâmide

As práticas criminosas usando o PicPay já são reconhecidas pela startup, que afirma não compactuar com usos indevidos do aplicativo. A empresa ainda afirma que conta com uma equipe de 70 funcionários destinados, exclusivamente, para o monitoramento e identificação dessas práticas no aplicativo.
"Destacamos que o nosso objetivo é inibir qualquer indício de ilegalidade dos usuários no app e, para isso, já adotamos diferentes práticas que combateram e continuam destruindo todos os esquemas que não seguem nossos termos de uso e política de ética. Para isto, contamos com o apoio de uma área de prevenção com mais de 70 pessoas, que trabalham em diferentes frentes de combate, com mecanismos de monitoramento constante das atividades dentro do app, para identificar padrões de práticas ilegais, notificar e bloquear todos os perfis envolvidos em atividades proibidas", diz.
Ainda no comunicado enviado, Anderson Chamon ressalta que os esquemas de pirâmide são "um antigo fenômeno social" e que, como os convites para os grupos acontecem fora do aplicativo, a empresa não tem qualquer tipo de controle.
"Os problemas com esquemas de ganho de dinheiro fácil são um antigo fenômeno social e o recrutamento de outras pessoas ocorre fora do app, em diferentes redes sociais, nas quais não temos qualquer tipo de controle", diz nota.
A emprea tabém informou que, para coibir a prática de pirâmide ocorra por meio da plataforma, passou a limitar o compartilhamento do código promocional de R$ 10 para até três amigos e a quantidade de pagamentos que um usuário pode receber a partir de créditos da promoção. O limite, porém, não foi informado.
Além disso, o PicPay investe fortemente em campanhas de conscientização positiva sobre a correta utilização do app através de ações com influenciadores digitas, e também dentro dos seus canais próprios como redes sociais, e-mails e notificações push", diz nota.
Leia nota na íntegra:
"O PicPay, aplicativo de pagamentos lançado em 2012, que permite que seus usuários paguem pessoas e estabelecimentos com o celular, lançou uma campanha de indicação para incentivar a entrada de novos usuários e permitir que eles tenham uma experiência real de uso do aplicativo. Esta campanha consiste em conceder um crédito promocional, de R$10, a todos os novos usuários que criarem sua conta com o código de indicação de um amigo. Este crédito não pode ser sacado diretamente em sua conta bancária, ele só pode ser usado dentro do aplicativo, ou seja, consumindo algo em um estabelecimento que aceite PicPay, ou fazendo um pagamento a outros usuários da plataforma.
Com o sucesso da campanha e consequentemente aumento do número de usuários, identificamos alguns desvios de comportamento e usos indevidos do aplicativo. Entre os principais desvios estão a criação de contas em nome de marcas conhecidas ou usando o app como fonte de multiplicação de dinheiro em esquemas de pirâmides financeiras. O PicPay tem o conhecimento da existência dessas práticas e afirma que essa campanha e os nossos serviços nunca tiveram como objetivo se tornar uma fonte de ganho de dinheiro fácil ou de fomentar a criação de perfis falsos.
Destacamos que o nosso objetivo é inibir qualquer indício de ilegalidade dos usuários no app e, para isso, já adotamos diferentes práticas que combateram e continuam destruindo todos os esquemas que não seguem nossos termos de uso e política de ética. Para isto, contamos com o apoio de uma área de prevenção com mais de 70 pessoas, que trabalham em diferentes frentes de combate, com mecanismos de monitoramento constante das atividades dentro do app, para identificar padrões de práticas ilegais, notificar e bloquear todos os perfis envolvidos em atividades proibidas.
Os problemas com esquemas de ganho de dinheiro fácil são um antigo fenômeno social e o recrutamento de outras pessoas ocorre fora do app, em diferentes redes sociais, nas quais não temos qualquer tipo de controle. Para evitar que este tipo de prática ilegal ocorra através da plataforma do PicPay, adotamos outras ações de combate, como limitação de compartilhamento do código promocional para até 03 amigos e limitamos a quantidade de pagamentos que cada usuário pode receber, advindo de créditos da promoção. Além disso, o PicPay investe fortemente em campanhas de conscientização positiva sobre a correta utilização do app através de ações com influenciadores digitas, e também dentro dos seus canais próprios como redes sociais, e-mails e notificações push.
A campanha
Na campanha os usuários do PicPay têm um código de indicação dentro do menu "Seguir/Convidar amigos" que pode ser compartilhado com até 03 amigos que ainda não baixaram o app e desejam conhecer. Cada usuário novo só pode usar um único código, ou seja, ele não consegue ganhar mais do que R$10. Este valor só pode ser usado dentro do aplicativo, para pagar estabelecimentos cadastrados ou ainda pagar qualquer pessoa no app, em diversas situações como rachar a conta do bar, despesas de viagem ou vaquinha de presente de aniversário. O valor promocional não pode ser sacado para a conta bancária do usuário"
Fonte: Extra


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